quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Bolo de arroz cuiabano


O bolo de arroz tornou-se um item quase obrigatório na mesa do café da manhã. Principalmente aqueles feitos pelas mãos mágicas da dona Eulália, esta simpática cuiabana. Só para você ter uma idéia, aos domingos, logo cedinho, por volta das 6 horas, dona Eulália e seus filhos já estão prontos para receber seus clientes com leite quente, café, chá, todos de graça, com exceção do produto nobre, o bolo de arroz.
Bolo de Arroz cuiabano
Ingredientes:
-1 kg de arroz socado e limpo
-600g de mandioca ralada
-+ ou – ½ litro de água quente
-2 colheres (sopa) de fermento
-1 colher (sobremesa) de sal
-1 pitada de canela ou erva doce
-100g de coco ralado
-2 xícaras (chá) de açúcar
-½ xícara (chá) de manteiga derretida
-Leite a gosto
Dicas
-Ao colocar a massa nas forminhas, deixe um espaço de 0,5 cm na borda, para não trasbordar.
-Unte as forminhas com óleo
-Se massa estiver muito grossa, coloque mais leite.
Foi com muita simpatia que ela recebeu o Sabor na Mesa para registra esta deliciosa receita cuiabana. Para quem quiser degustar esta delicia, dona Eulália mora na Rua João Fêlix, 470, no Bairro da Lixeira.












Faça a receita de véspera. Soque o arroz até virar um farelo. Passe o farelo em uma peneira. Reserve.
Rale a mandioca no ralador grosso.
Numa panela, coloque a mandioca ralada e a água quente, até formar um angu grosso.

Coloque o farelo de arroz.

Acrescente a manteiga, o açúcar, o sal, o coco ralado e a canela.
Mexa bem e depois acrescente o leite. Deixe descansar por 3 horas no mínimo.
Coloque o fermento só na hora de assar. Coloque a massa em forminhas untadas.
Leve ao forno até dourar.
COTIDIANO / TRADIÇÃO CUIABANA
04.10.2014 | 17h00
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Há meio século, dona Eulália é 

referência em “tchá cô bolo”

Com 80 anos, a senhora atrai centenas de pessoas à sua casa 

para provar o famoso bolo de arroz, na Lixeira

Isa Sousa/MidiaNews
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Dona Eulália: 80 anos de idade e 56 anos servindo aos cuiabanos










LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Há 56 anos, quando começou a fazer bolos de arroz e de queijo para complementar a 
renda da família, Eulália da Silva Soares não imaginava que seus quitutes a transformariam 
em um ícone da cuiabania e que se tornaria famosa nacionalmente por seu talento.

Atualmente com 80 anos, a senhora modesta e de riso fácil diz apenas agradecer a Deus 
pelas conquistas e fama alcançada, que já a fez receber personalidades e políticos variados
 em sua casa, localizada no bairro da Lixeira, na Capital  – todos interessados em comer o
 tradicional “tchá cô bolo” cuiabano.

“Já recebi muita gente importante aqui, mas não consigo lembrar de todos só pela memória, 
porque tenho labirintite e esqueço muitos nomes [risos]. Mas quem vem muito aqui é político,
 principalmente. Um dos que eu lembro que veio aqui e gostou muito foi o governador de
 São Paulo, [Geraldo] Alckmin”, conta.

Dona Eulália, como se tornou conhecida, acredita que o amor com que se dedica a 
preparar seus bolos que os fazem ter um sabor único ao paladar de quem os experimenta, 
faz com que pessoas aguardem, ainda de madrugada, em frente a um corredor estreito – 
que dá acesso ao salão da sua casa –, pelo momento em que ela irá abrir as portas.
recebe a todos de coração aberto. Fico lisonjeada de saber que as pessoas, às vezes, deixam de ir a lugares mais chiques para vir comer aqui. Só tenho que agradecer a Deus pelo dom que ele me deu”, diz.

Dona Eulália recebeu a reportagem do MidiaNews na manhã de quinta-feira (25) e, entre uma pergunta e outra, sempre parava para ser cumprimentada por algum cliente, amigo ou neto que chegava bem cedo ao local para tomar café, antes de ir para a escola ou trabalho.

Ela minimiza a fama alcançada e revela que, quando começou a fazer os quitutes, em 1958, 
nem mesmo sabia a receita exata a seguir.

“Para mim, é muito importante ser conhecida assim. Porque, quando eu comecei, eu não 
esperava. Nós morávamos em um sítio, em Aricazinho [comunidade rural de Cuiabá] e eu tinha uma tia que sempre fazia bolos para festas. Eu sempre a vi fazendo, mas nunca tinha experimentado fazer, porque não 
sabia”, recorda.

Em 1956, dona Eulália se mudou com o marido, Eurico Soares, hoje com 94 anos, para o mesmo endereço onde reside até hoje, na Rua Professor João Félix, no bairro da Lixeira.

Ela conta que, em 1958, pediu a Eurico, que era pedreiro, para que construísse um forno
 para que ela tentasse fazer os mesmos bolos de arroz que sua tia fazia, a fim de tentar 
ajudar na renda da família.
Isa Sousa/MidiaNews
O tradicional bolo de arroz da Dona Eulália, recém-saído do forno à lenha

“Eu tinha filhos já na idade de estudar 
e eu tinha pouco estudo, não podia
 arranjar um serviço para ajudar meu 
marido. Pensei em fazer isso pra ver se 
quem sabe dava certo, pra ajudar. 
E graças a Deus deu muito certo. 
Hoje em dia, vejo todos os meus filhos
 formados”, conta.

Dona Eulália conta que foi testando
 várias receitas, tentando se lembrar
 de quais ingredientes e da quantidade 
de cada um que precisava usar, até acertar.


“Não tinha uma receita. Eu ia fazendo, experimentando, achava que não saía igual ao dela, 
e continuava tentando. Quando melhorou, eu passei a fazer para vender e pagava a cinco 
ou seis meninos para oferecer nas escolas”, diz.

Hoje, a senhora vende cerca de cinco mil bolos por semana. Segundo ela, às terças e
 quintas-feiras, ela vende cerca de 600 a 700 bolos por dia. Aos sábados e domingos, 
a produção sobe para dois mil bolos por dia.

Para atender a todos e dar conta da semana, ela conta com a ajuda da família. 
Ela possui oito filhos, sendo dois homens que moram no interior do Estado e 
seis filhas que moram em Cuiabá e que, acompanhadas dos genros, filhos e 
netos, auxiliam nos trabalhos na casa nos dias de atendimento.

“Tenho até uma bisneta que já trabalha aqui. Minha filha caçula [Claudinete Soares 
de Oliveira], hoje, é a responsável por gerenciar o local. Ela é responsável por tudo, 
quem resolve tudo aqui”, conta.

Dona Eulália, hoje, tem 21 netos e 20 bisnetos, e grande parte trabalha no salão, 
principalmente nos finais de semana e feriado.

Isa Sousa/MidiaNews
"Já recebi muita gente importante, mas tenho labirintite e não lembro o nome de todos", conta, entre risos
“No domingo, mesmo, 12 pessoas trabalham aqui. Só pra atender as pessoas, tem que ser 
uns três ou quatro. E ainda fica aquela fila grande esperando para ocupar cadeira, buscar bolo”,
 afirma.

Projeção

Quando acertou a receita, Dona Eulália passou a atender encomendas para festas de
 vizinhos e, conforme foram aumentando os pedidos, o marido foi construindo mais fornos –
 hoje, há quatro fornos à lenha no salão de sua casa.]

No entanto, a projeção dos quitutes – bolos de arroz e de queijo e as tradicionais “chipas” 
– ocorreu por meio da tradicional Festa de São Benedito, onde ela serviu por 13 anos.

“Teve uma época em que a festa de São Benedito tinha tudo de graça e, depois, parou e
 ficou só a missa. Então, um rei da festa, que já faleceu e era lá do Coxipó, me falou: ‘
vamos experimentar fazer esse bolo? Porque agora não tem mais nada depois que
 termina a missa. Quem sabe conseguimos vender’. E deu muito certo”, recorda.

A senhora conta que os festeiros da festa compravam seus bolos para vender após a missa 
na Paróquia de São Benedito, durante os quatro dias de festa, de quinta-feira a domingo. 
No entanto, o volume de bolos pedidos foi aumentando no decorrer dos anos e dona Eulália 
se viu forçada a “sair de cena”.

Isa Sousa/MidiaNews
As tradicionais chipas de Dona Eulália: uma dos mais pedidos para se tomar com café













“Quando terminava a missa lá em São 
Benedito, o pessoal nem esperava mais 
pelos bolos lá e já vinha até aqui pra 
comer. Aí eu não dava mais conta de 
fazer. Porque precisa atender lá e aqui 
também’, afirma.

Na ocasião, segundo ela, apenas os 
oito filhos não eram suficientes para 
ajudar na produção e ela precisava 
pagar pessoas para socar o arroz no 
pilão e fazer a massa.

“Começava na quinta-feira, que era
 o primeiro dia, com dois ou três mil bolos. Quando chegava domingo, teve ano que a 
demanda aumentou para seis mil. Você amassava bolo o dia inteiro e a noite inteira. 
Começava a assar cinco horas da tarde de um dia para às 4h da manhã estar tudo pronto,
 assado e no isopor”, conta.

Na sequência, ela foi personagem do quadro “Me Leva, Brasil”, que era dirigido pelo 
jornalista Maurício Kubrusly no programa “Fantástico”, da Rede Globo. Em seguida, 
foi a vez de simpática quituteira ir parar no programa Mais Você, apresentado por 
Ana Maria Braga.

“Aí foi aumentando a freguesia mesmo. Terça e quinta o público é menor, mas sábado 
e domingo está sempre cheio. Vem aquelas pessoas que acordam cedo, mas também
 vem o pessoal que sai das baladas. No domingo, quando é 4 horas, está cheio de gente
 que vem de festas, às vezes está até 
meio bêbado, mas espera aí na frente pra poder comer antes de ir pra casa. Graças a
 Deus, hoje eu tenho uma clientela muito boa”, diz, entre risos.

Rotina


Já experimentei comprar o fubá pronto, mas não fica igual. Então, meu neto soca o arroz 
para mim, rala a mandioca e faz o angu, misturando tudo à noite’, conta.

Ela conta que se levanta sempre às 3 horas. Sendo devota de São Benedito e São José, 
reserva um tempo para rezar e, em seguida, começa a trabalhar, seja fazendo o chocolate
 quente, café e chá que são servidos no salão, seja preparando as massas dos bolos para assar.

“Levanto às 3 horas porque a massa tem que ser feita de madrugada, não no dia anterior. 
Por volta das 4 horas, eles [filhos e netos] chegam pra me ajudar. Até hoje eu coloco a mão 
na massa. Minha filha também prepara, mas enquanto eu aguento, eu gosto de preparar. 
Depois de mexer na massa, eu volto a deitar e eles tomam conta dos clientes”, revela.

Segundo dona Eulália, os bolos começam a ser assados às 5 horas, para que às 5h30 as
 portas sejam abertas. De todo o processo, ela diz que uma das coisas que mais sente 
falta é de poder colocar as travessas de bolos para assar no forno.


“Hoje, tenho prótese nos dois joelhos, então não 
tenho muita segurança pra andar e por isso não 
posso carregar as coisas para assar. Isso eu não
 posso mais fazer e sinto falta, porque eu andava
 de um lado pro outro e quando a encomenda era
 pouca, eu nem precisava incomodar eles
. Eu mesmo fazia e assava. Hoje em dia, não”, conta.

Realização e sonho


Dona Eulália se diz realizada com tudo que 
conquistou, mas do que mais se orgulha é de
 ver a sua atividade ajudou na formação dos 
filhos e hoje é uma das razões da união de sua 
grande família.

Ela se emociona ao recordar que as filhas, mesmo trabalhando durante a semana toda, 
sempre voltavam à sua casa nos finais de semana para auxiliá-la com as encomendas.

“Essa filha que assa os bolos, mesmo, é professora e tinha duas carteiras, trabalhava a
 semana inteira, mas no domingo ela sempre estava aqui pra me ajudar. Isso é muito
 importante para mim.
Porque, se fosse outro, pensava assim: ‘eu tenho meu vencimento, meu marido ganha 
bem, eu não vou ficar lá no forno e atendendo os outros’. Mas não. Graças a Deus
, hoje ela aposentou e continua aqui comigo”, conta.

Segundo dona Eulália, “ todo mundo ajuda e todo mundo ganha” trabalhando com ela.

“O meu bisneto, mesmo, me ajuda desde os 14 anos. Hoje ele é formado, mas continua aqui
. Ele diz que quer arranjar um serviço que ganhe mais do que aqui e ainda não encontrou,
 por isso está aí. [risos] Ele faz de tudo, também. Atende, serve, amassa o bolo, tudo”, diz.


“Pra mim, ver toda a família envolvida é muito importante, porque eu sei que com a minha falta,
 eles vão continuar. Não vai acabar. Esse é meu sonho e eu tenho certeza que eles vão 
continuar. Eu só espero que Deus me ajude, me dê mais alguns anos de vida, que se 
não for pra eu amassar o bolo, pra que eu possa pelo menos assistir a minha família 
trabalhando”, revela.

Serviço


Quem quiser provar o tradicional “tchã cô bolo” da dona Eulália deve ir ao local às terça
s e quintas-feiras, bem como aos sábados, domingos e feriados, a partir das 5h30.

Às terças e quintas-feiras, ela fecha a casa ao público às 10 horas. Aos sábados,
 domingos e feriados, o atendimento é encerrado por volta das 11h30.
USE O KEKANTO PARA CHEGAR NA CASA DE DONA EULÁLIA

http://kekanto.com.br/


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